domingo, 25 de novembro de 2012

Fones de ouvido nº1


Tem muita gente que gosta de dizer
Que põe os fones de ouvidos
o primeiro, o segundo
O volume no máximo.
Pra fugir do mundo.

Eu mesmo
Muitas vezes já fiz
Mas não creio ser o que aconteça
Em verdade
Ouvir música é viajar
Pra dentro de si
O volume é só pra expulsar
Tudo que não é você
Da sua cabeça.


25/11/2012 - M²

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Bear Story


Tenho mãos excesso
Porque não posso tocar (você)
Tenho braços em excesso
Porque não posso abraçar (você)
Tenho teu gosto (e você)
Teu perfume
E um desejo pungente
Entre as pernas (e cem)
Tënho vida em excesso
Porque não posso compartilhar
Com você (e mil, e cem, e mil...)
E um...
Mais dois... (sessenta são).
São vinte quatro mais sete,
Dá trinta
Menos você na equação.
É sempre mais do que suporta
Esta canção.
Assim eu te vejo cada vez mais.
As flores em excesso a têm
No perfume,
Assim como o mel
(Eu gosto) no gosto
(Eu gosto).
Que se me foge o riso
No momento,
Te tenho em excesso
Nas mãos que não tocam (você),
Nos braços que não abraçam (você),
(Sempre) No pensamento,
Mesmo na ausência,
No excesso (entre as pernas),
Que não sacio.
Assim o vi
Nas janelas da alma
Que contemplo no leito do rio.
E no final...
Só me falta o ar.
Este ar que eu preciso
Pra me fazer voltar
Pro trabalho (pra você)
E então (de novo) respirar.

Jeann Araújo e M² - 13/11/2012

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mar de que me lembro


Isso é mais do que eu me lembro,
Me lembro de mais do que houve.
Porque a memória é mar,
Não de lembranças,
Mas de Verdades.

Isso é mais do que eu posso, ou lembro amar.
É mar que o Mais da vida (não precisa)
Do navegar.
Navegar não preciso bonança,
Preciso é tempestade.

Isso é menos doque eu posso, ou amo lembrar.
Pois sou mar (im-preciso)
Sou sempre Mar (que precisa)
Não de rotas,
Mas de saudades.

O sou sempre quando me lembro
Que preciso regar
A mim
A Mar

Sou sempre mais
Mar
Quando sou outro
Que não é
Mar de que me lembro.

M² - 11/11/2012

terça-feira, 12 de junho de 2012

Torre de Vidro


Velho, velho amigo.
Não parece, mas já faz tempo
Que eu te criei com tinta e vento
Pra ser o meu melhor abrigo.

Ou pra dele sair, ao menos
Na minha cabeça viver
Tudo que um dia eu quis ser
Por trás dos meus olhso serenos

Então eu te fiz Torre, Farol, Estadarte!
Eu te vomitei do meu íntimo
Uma vida sem momento ínfimo
Mas não sem desafios, NUNCA! Pois fazem parte

Da vida que vale a pena ser vivida
Lutando as batalhas que podem ser vencidas.

Amigo, velho amigo.
Eu te desenhei um mundo simples.
Eu o povoei com pessoas que não o quisessem complicar.
Eu não deixei de construir o mal, porque mal já havia.
Eu te arquitetei uma vida que valesse a pena viver.
E ressucitar todos os dias com o sol.
Não uma vida em que se permanece vivo,
mas se morre todas as noites
com o ocaso.
Não por acaso eu te fiz tudo que eu julguei não ter.
Eu te fiz criatura maior que criador
E tu nunca vais se perguntar como sou
Porque estou a tentar descobrir
Maneiras de ser você.
Eu te invejo.
Eu te invejo.
Eu te invejo.
Eu te invejo sobretudo poderes morrer
Com uma espada em punho
E outra atravessando-lhe as vísceras
Pois é melhor do quea morte do vosso criador
Que morre
Enquanto doma esses versos com a mão.
E morte nenhuma dói mais que ter
Palavras
Apenas
Pequenas
Palavras
Vazias.
Trespassando, enchendo, afogando (os olhos e) o coração.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Soneto da Saudade nº I


Desculpa não saber falar ao telefone
Mas a ideia de não te poder abraçar
Me confunde, constrange, me impede de falar
Todas as frases nas quais eu chamo o teu nome

Desculpa, principalmente, não ser conciso
Pois existo em uma confusão frequente
Que se desvanece... imediatamente
Toda vez que eu vejo aquele teu sorriso

Saudade é uma coisa estranha, vista assim
Quando isso que mais se quer é estar junto
Palavras somem... Ironia ambulante

Se faz sentir quando eu me pergunto
Por que o abraço já não é o bastante
E eu te preciso guardar... dentro de mim


M² - 14/04/2012

Soneto da Saudade nº II

Cheia de ti fica minha mente quando desperta.
Ou talvez nem se tenha esvaziado pois estava
Pensando em você no momento em que me deitava.
Hora noturna em que a saudade mais aperta.

Aperta sim, mas como um abraço amigo
De quem tem de ir, mas deseja um instante
A mais, pelo menos (Jamais o bastante!)
Pra ficar. Permanecer e ser contigo.

E embora esse abraço não seja grilhão,
Mordaça, forca ou corrente de qualquer espécie
Não é incomum que se pene em respirar.

Pois longe do chão não raramente acontece
De ter pouquíssimo, um rarefeito ar
E sem ar é difícil ter inspiração.


31/05/2012 - M²

terça-feira, 29 de maio de 2012

Antítese Spenseriana

Talvez, então, não seja eu um poeta
Pequeno que sou, nada tenho de vós
Só a vontade de escrever que me afeta.
Não sei desatar das palavras os nós,
Pequeno que sou, em mim só tenho a voz...
O anseio em ser ouvido.... minimamente,
Sou só vontade de conhecer a nós.
E as linhas que escrevo... um incompetente!
Pequeno que sou, o sou enormemente,
Mesmo assim, incapaz de construir
Em versos as palavras da minha mente.
Pequeno que sou, não as forço sair
De mim, pois basta vê-las livre, poéticas
E não limitadas aos arcabouços da Estética!


29/05/2012 - M²

quinta-feira, 26 de abril de 2012

"Bu!"


Me parece que, no final, estavas com a razão
Imagine que eu
Numa hora qualquer de divagação
Haveria de me dar conta que estava
Assustado
Mergulhado num cinza cada vez mais avermelhado
Eu me encontrei já sem defesas, estaticamente... cativado.
Num singelo monossílabo
Induzido fui a sorrisos sem sentido
Na lembrança da tua voz falando do susto que eu
Ainda não tinha percebido
Nunca antes passei por tal sensação
Igual a de fazer uma tatuagem que
Não manchou minha pele, mas que marcou
A minha mente... e o meu coração.


01/04/2012 – M²

Retórico-romanstismo


Para que meu romantismo não se limite a rosas
Luto. Aprisiono esse meu sentimento em versos
Como fizeram antes de mim, amantes perversos,
Desfaço aqui as últimas linhas desta minha prosa

Mas como o amor as estrofes acompanha
E de amor, como se vê, estou repleto
Deixo pra você este soneto incompleto
Que seja ele, então, a minha última artimanha

Não porque eu não consiga os versos elaborar
Ou porque a tua imagem simplesmente me expulse
Toda e qualquer palavra que não seja testamento

Disso que dentro de mim repercute
Mas sim porque meu único pensamento
É o de não deixar essa estrofe acabar.

17/04/2012 - M²

terça-feira, 24 de abril de 2012

Tempestade de cérebro... e coração.


Deixa estar...
Talvez eu prefira assim
Que ninguém tenha te achado antes
Durante a longa noite que ocorreu
E essas gotas de orvalho no teu rosto
Oh, minha pequena Rosa Escarlate
Eu as enxugo
No meu abraço, no meu afago e sussurro
Aquelas nossas palavras
Nos teus ouvidos
Só pra ver de novo nos teus lábios
Aquele sorriso mudo
Que tanto me agrada
Soando mais alto que qualquer música
Alucina
E de tanto reverberar no meu interior
E me priva de tudo que há de ruim em mim
E deixa pra trás apenas
O que é
Exageradamente
Bom
E me faz gostar de tudo que sou eu
Porque a noite foi longa
Oh, minha pequena Rosa Escarlate
Mas esta manhã tem o mérito e o anseio....
De querer ser pra sempre
Desde que haja outros tantos sorrisos teus
Mudos, musicais... alucinantes
Eu também então
Sorrirei.

24/04/2012 – M²