terça-feira, 12 de junho de 2012

Torre de Vidro


Velho, velho amigo.
Não parece, mas já faz tempo
Que eu te criei com tinta e vento
Pra ser o meu melhor abrigo.

Ou pra dele sair, ao menos
Na minha cabeça viver
Tudo que um dia eu quis ser
Por trás dos meus olhso serenos

Então eu te fiz Torre, Farol, Estadarte!
Eu te vomitei do meu íntimo
Uma vida sem momento ínfimo
Mas não sem desafios, NUNCA! Pois fazem parte

Da vida que vale a pena ser vivida
Lutando as batalhas que podem ser vencidas.

Amigo, velho amigo.
Eu te desenhei um mundo simples.
Eu o povoei com pessoas que não o quisessem complicar.
Eu não deixei de construir o mal, porque mal já havia.
Eu te arquitetei uma vida que valesse a pena viver.
E ressucitar todos os dias com o sol.
Não uma vida em que se permanece vivo,
mas se morre todas as noites
com o ocaso.
Não por acaso eu te fiz tudo que eu julguei não ter.
Eu te fiz criatura maior que criador
E tu nunca vais se perguntar como sou
Porque estou a tentar descobrir
Maneiras de ser você.
Eu te invejo.
Eu te invejo.
Eu te invejo.
Eu te invejo sobretudo poderes morrer
Com uma espada em punho
E outra atravessando-lhe as vísceras
Pois é melhor do quea morte do vosso criador
Que morre
Enquanto doma esses versos com a mão.
E morte nenhuma dói mais que ter
Palavras
Apenas
Pequenas
Palavras
Vazias.
Trespassando, enchendo, afogando (os olhos e) o coração.

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